SOBRE VIVER MAIS E COM QUALIDADE DE VIDA

Texto por Dra Paula L.Vega

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Ao longo dos séculos a humanidade sempre buscou sobre a fonte da juventude. Dos elixires que preservavam a vida dos tempos antigos aos avanços científicos, as pessoas sempre buscaram maneiras de prolongar suas vidas.

O fato é que quanto mais cedo adotarmos bons hábitos melhor será a saúde e a disposição a longo prazo.

Estudos recentes revelam que, embora a genética desempenhe um papel muito importante na longevidade, as nossas escolhas diárias, como e o que nos alimentamos, como nos movimentamos, como lidamos com o estresse e a qualidade do sono também influenciam diretamente. 

A epigenética é um campo de estudo onde cientistas identificaram como o ambiente ao nosso redor e as escolhas que fazemos mudam a maneira como nossos genes funcionam. Os fatores ambientais, como dieta, estresse e exposição a substâncias químicas, podem deixar “marcas”, “registros” epigenéticos que afetam a expressão dos genes. Essas alterações podem ter consequências para a saúde, como o desenvolvimento de doenças como câncer, diabetes e doenças cardiovasculares dentre outras.

No estudo publicado na revista Nature Medicine em fevereiro 2025 entitulado Integrating the environmentaland genetic architectures of aging and mortality concluiuque fatores de estilo de vida são responsáveis por uma variação de cerca de 17% na expectativa de vida (este indicador representa o número médio de anos que uma pessoa pode viver), enquanto fatores genéticos contribuíram com menos de 2%.

É significativo considerar que o exemplo dos bons hábitos dos nossos ancestrais é de extremo valor e que podemos seguir os ensinamentos deles sempre que possível.

No envelhecimento é quando mais precisamos cuidar da saúde visto que é a época em que muitas pessoas geralmente comem mais, se movimentam menos e quando a depressão pode se instalar de forma mais frágil. E este não seria um caminho ideal para a manutenção da saúde.

1. A decisão compartilhada por um estilo de vida saudável é o principal influenciador para que a energia seja mantida durante este período. Toda a transformação começa com a decisão de não ficar onde estamos. Mudamos quando decidimos dar o primeiro passo.

2. Disciplina: Manter a disciplina às vezes pode parecer difícil. As pequenas ações diárias repetidamente formam hábitos vencedores capazes de modificar a saúde a longo prazo.

3. Companheirismo: A sinergia entre o casal auxilia naintegração com alinhamento de metas e objetivos para que a relação permaneça de forma harmoniosa e produtiva.

4. Saúde emocional: Na vida a dois em todas as idades manter o diálogo é sempre importante. Expôrsentimentos e emoções entre o casal e deixar claro todo e qualquer acontecimento sem nenhum tipo de dúvida é fundamental para evitar qualquerdescontentamento com o relacionamento. Altos e baixos acontecem e os esclarecimentos com uma conversa clara e franca devem sempre fazer parte.Não há entrega maior quando o amor é verdadeiro e considerado como de maior valor e o bem mais precioso.

A alimentação pode influenciar na energia e vitalidade em todas as idades. O que precisamos definir é que a alimentação é diferente de nutrição. 

Um alimento pode nutrir e outro somente alimentar. Um exemplo disso é a diferença de uma alimentação rica em grãos integrais, castanhas, frutas, legumes, vegetais frescos que, além de alimentar, mantem maior saciedade por apresentarem maiores nutrientes. 

O estudo da vida prolongada com mais saúde está diretamente associado a alimentação.

Vários médicos e pesquisadores estudam a longevidade e são influenciados pelos ensinamentos das Zonas Azuis.

As Zonas Azuis são regiões do mundo onde as pessoas vivem muito mais tempo chegando aos 100 anos ou mais e com maior saúde, são foco de estudo para entender os segredos da longevidade. 

São cinco regiões que são consideradas as Zonas Azuispelos critérios dos pesquisadores: Okinawa (Japão), Sardenha (Itália), Península de Nicoya (Costa Rica), Ikaria(Grécia) e Loma Linda (Califórnia, EUA). 

Dan Buettner vencedor de três prêmios Daytime Emmy em 2024 por Life to 100 é jornalista e produtor americano, autor bestseller que compartilha os segredos das pessoas mais longevas e felizes do mundo, criou o conceito de Zonas Azuis e é um dos principais divulgadores da pesquisa sobre a longevidade.

Apesar de serem lugares distantes entre si e com culturas muito diferentes, Buettner conseguiu identificar nestes locais alguns pontos comuns que fazem com que as regiões tenham uma expectativa de vida alta.

A alimentação tem o foco nas verduras, frutas, legumes e castanhas, sempre frescas e preparadas em casa. Todas as “zonas azuis” incluem produtos animais na cultura alimentar, mas de forma secundária, ou seja, não é a base que sustenta. Solicite sempre a avaliação de seu médico e do nutricionista para avaliar a sua condição clinica especial.

Outro fator importante é se nutrir-se mais e comer menos.

O mindful eating (comer consciente) uma prática de estar totalmente presente e atento à experiência de comer, concentrando-se na comida, nas sensações do corpo e nas emoções associadas à comida. Incentiva a saborear cada mordida, perceber os sinais de fome e saciedade e minimizar as distrações.

Restrição calórica: Faça a experiência de parar de comer antes de estar 100% saciado. Esta prática pode trazer grandes benefícios ao organismo. Isso porque o cérebro demora cerca de 20 minutos para entender que estásatisfeito, e a estratégia ajuda a conter o exagero. O excesso de alimento pode fazer com que aumente o peso e a energia diminua, pois o organismo gasta parte dela na digestão.

Em relação aos líquidos dar preferência àqueles sem adição de açúcares de preferência água mineral e sucos cítricos.

Segundo o estudo dinamarquês “Danish Twin Study”, apenas 20% da longevidade é determinada pelos genes. Os outros 80% estão a cargo do estilo de vida e do ambiente – a epigenética. Isso significa que, mesmo que envelhecer seja inevitável, o modo como envelhecemos está diretamente relacionado com as escolhas diárias.

Alimentação consciente: se apaixonar por uma alimentação viva e orgânica e levar o seu parceiro junto nas compras ou na plantação e colheita dos produtos da horta é uma das chaves para a saúde. Ambos podem ter participação direta ou indiretamente também na preparação dos alimentos e realizar refeições juntos sempre que possível. 

Exercício físico: Cada um pode ter o seu horário de exercício, se a agenda permitir pelo menos marcar um dia na semana para praticarem juntos e propor desafios fica ainda mais interessante. Estimular e incentivar o (a) companheiro (a) a comparecer a academia e aos treinos também auxiliam em uma relação estável e amorosa.

Nutrir-se emocionalmente: contato com a natureza, sons e músicas que conectam e acalmam o coração.

Convívio social: amigos, familiares e conhecidos queseguem hábitos saudáveis, as chances de segui-los aumenta bastante.

Tempo para conexão interior: práticas de meditação ou mesmo passar alguns minutos do dia concentrado em nós mesmos. Pode-se associar mentalizações e técnicasrespiratórias conectando-se assim com a nossa própria essência do autoconhecimento.

A alimentação nutritiva, a prática de exercícios físicos, qualidade do sono e a saúde emocional estão associados diretamente a qualidade de vida, bem estar e a longevidade saudável.

A paixão por um estilo de vida saudável resplandece quando a partir da prática de hábitos saudáveis nos sentimos bem, mais leves e com energia renovada. Compartilhar com quem mais se ama é melhor ainda.

Morar em uma das cidades das Zonas Azuis pode não ser a realidade para a maioria das pessoas e o melhor é quenão precisamos nos mudar de cidade ou país para ser uma pessoa que viva mais e melhor. 

Os estudos e pesquisas são fundamentais para que a humanidade encontre as características principais e do estilo de vida que estas populações vivenciam e aplicam diariamente e assim possamos colocar em prática onde quer que estivermos.

Dra Paula Végah é Médica especialista em Cirugia Geral (RQE 25206) e Nutróloga (RQE 45733). Pós graduação em Medicina Esportiva e do Exercício. Certificação Internacional em Medicina Esportiva e Saúde pelo American College of Sports Medicine. Certificação Internacional em Medicina da Obesidade pela EuropeanBoard e Pan American Board of Obesity Medicine. Também realizou cursos de extensão e atualização médica na Harvard Medical School na área de Lifestyle Medicine e Obesity Medicine.

Contato: email: pleitevega@gmail.com

​​Site: paulavega.com.br